terça-feira, 31 de maio de 2011

Jô Lima >>> Essa sim merece o título: Melhor Amiga

    Estava em meu quarto na noite do dia 18 de abril, num estado que posso denominar como deplorável para o ser humano: deitada no chão do quarto, com o rosto banhado de lágrimas, unhas roídas, e o pior, uma dor lacinante em meu peito, dor que só sente quem jamais espera que alguém que você ama, adora e até certo ponto "venera" seja capaz de causar-lhe...
    Alguns minutos antes havia acabado de ouvir algumas palavras de alguém que me feriram mais que bofetadas, alguém que eu realmente jamais imaginara que pudesse fazer-me o que fez... Poucos minutos depois do ocorrido, Joseane me telefonou, atendi com a voz embargada, tentando disfarçar o choro, mas ela que me conhece bem logo perguntou: "O que aconteceu?" Eu não podia e nem devia mentir pra ela, mas apenas fui capaz de dizer "Nada". Em uma só palavra ela foi capaz de entender a minha dor e teve a sensibilidade de respeitá-la, deixando-me a sós com ela, mas sem abandonar-me. Às 23:19:43 h enviou-me a seguinte mensagem:
"O homem que tem muitos amigos pode congratular-se mas há amigos mais chegados que um irmao. Sempre havera alguem q superara as suas expectativas. Conte SEMPRE com a minha amizade e se um dia eu falhar, perdoe-me! E se de repente vc se sentir ilhada, lembre de Jesus o Amigo entre os lirios que nos e mister e q nunca abandona. Certas situacoes em nossa vida sao necessarias para a moldura do nosso carater, entao procure extrair o melhor desse momento. Boa noite!"
    Compreendi que por vezes julgamos alguém digno de algo, como um título por exemplo, mas na verdade, quem realmente o merece é alguém que nós verdadeiramente não esperamos. Essa não é a primeira vez que ela me consola, conforta; já houve outros momentos nos quais me senti sozinha e ela estava ali, bem do meu lado...
    Obrigada por existir, por fazer parte de minha vida. Hoje tenho certeza de que foi o Pai Celestial quem deu você pra mim, pra me amar e cuidar. Somente ao encontrar pessoas como você na difícil jornada desta vida é que me ponho a refletir sobre o cuidado do Criador pelas nossas vidas, pois fez questão de nos presentear com pessoas que verdadeiramente podemos contar e definitivamente chamar de AMIGAS, ou mais, como você, a quem posso chamar de Melhor Amiga. Amo-te, a "Cada dia mais e mais, e mais, e mais, e mais..."

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Casamento

O plano de Deus para o casamento é apresentado em Gênesis 2.24, repetido nos Evangelhos (Mt. 19.5) e nas Epístolas (Ef. 5.31). O casamento é perfeito quando estabelece o compromisso de um homem com uma mulher por toda a vida.
Deus nunca pretendeu que o homem ficasse sozinho. O osso do qual a mulher foi criada foi retirado do próprio homem. A mulher foi retirada do homem e depois apresentada a ele a fim de complementá-lo. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem, com necessidades físicas e emocionais que apenas outro ser humano pode preencher.
Não havia pais presentes no Éden, mas Deus prosseguiu com seu plano de unidade no casamento.Os dois devem "deixar" os pais  e "unir-se", a fim de se tornarem um. Devem estar dispostos a abandonar tudo o que pertence a  antigos compromissos, estilos de vida com objetivos individuais e unir-se um ao outro. Essa "união" refere-se a um laço forte e duradouro que os mantém ligados por um compromisso incondicional de amor e de aceitação, resultando numa unidade, uma combinação muito mais forte do que a força que cada um possuía separadamente antes.
Nenhuma outra relação humana, nem mesmo a de pais e filhos, é superada pelo laço entre marido e mulher. O casamento é um compromisso de aliança - um voto feito a Deus e ao companheiro, não apenas de amor, mas também de fidelidade, que devem durar  a vida toda num relacionamento de exclusividade.
O casamento é um milagre de três faces. É um milagre biológico, em que duas pessoas realmente se tornam uma só carne; é um milagre social, por meio do qual duas famílias são enxertadas uma na outra; é um milagre espiritual, no qual a relação do casal é uma figura da união de Cristo e sua noiva, a Igreja. De maneira clara, Deus planejou que transparência e abertura fossem parte do relacionamento no casamento - vulnerabilidade sem inibição.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Criação

Criação da mulher

    Deus identifica-se como o "ajudador" de Israel (hebraico 'ezer). A palavra não implica inferioridade. Descreve uma função mais do que digna. Ninguém perde valor ao assumir com humildade o papel de auxiliador. Como "auxiliadora" do homem, a mulher torna-se espiritualmente sua parceira na pesada tarefa de obediência a Deus e domínio sobre a Terra. Ela também recebeu papel importante na multiplicação das gerações. A mulher, como amiga mais próxima do homem, deveria proporcionar-lhe companheirismo e conforto. Ninguém poderia encorajá-lo e inspirá-lo mais do que ela, que foi criada para esse fim. Designada para ser a perfeita contraparte do homem, a mulher não era nem superior, nem inferior, mas equivalente e igual ao homem em sua pessoalidade, enquanto diferente e única em sua função.
    Homem e mulher foram criados à imagem de Deus. A diferença está em que o homem foi formado do pó da terra, e a mulher, a partir do homem. Ela corresponde perfeitamente ao homem, tem a mesma carne e sangue e, como "imagem de Deus", assim como o homem, é igual a ele de todas as maneiras. Pelo ato da criação em si, ela está inseparavelmente ligada ao homem. A unidade da raça está assegurada; o valor e a dignidade da mulher estão afirmados; o fundamento do casamento cristão está estabelecido de maneira memorável.
    A mulher não é uma ideia tardia. O homem foi planejado e criado física, emocional, social e espiritualmente já com a criação da mulher também planejada e assegurada. De fato, Deus disse que não era bom que o homem estivesse "só"; ele precisava da mulher. Deus formou o homem "do pó da terra", mas fez a mulher da "costela" do homem (hebraico tsela', literalmente lado).
    Deus utilizou Adão para expressar a singularidade da mulher num jogo de palavras. Mesmo a linguagem em si reflete a unidade que Deus planejou existir entre o homem (hebraico 'ish) e a mulher (hebraico 'ishshash). Apesar do fato de Adão ter dado nome a Eva, isso não implica que tivesse uma posição superior à dela; na cultura oriental - e até hoje -, o ato de dar nomes é bastante significativo e, em muitos casos, implica autoridade e responsabilidade. O nome da mulher (Eva significa mãe de todos os viventes) é um reconhecimento de sua origem, da mesma forma que o nome de Adão (hebraico adamh, literalmente "terra" ou "chão") aponta para o pó da terra como sua origem na criação.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Masculinidade

A natureza do homem

   Deus disse: "Façamos o homem À nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio..." (Gn 1.26). Deus estava definindo o que é masculinidade ao criar Adão e ao indicar seu papel, colocando-o no jardim para cultivá-lo e para dar nome aos animais. De fato, por meio das Escrituras, podemos ver delineado na vida dos homens o que parece ser imperativo para a liderança e responsabilidade masculinas.
     Deus capacitou o homem com grandes qualidades para uma liderança responsável. Isso pode ser positivamente canalizado na Igreja, na qual todos estão em posição de ensinar, de liderar por seu exemplo moral e de apoiar causas nobres.
     A força masculina, quando santificada, pode ser usada de maneira positiva, como na vida dos grandes homens que Deus levantou como líderes. Abraão mostrou características dessa "aventura" com Deus ao dar passos de fé como nenhum homem antes. Percebemos visão em Moisés e fidelidade em Josué, mesmo quando em minoria. Davi demonstrou coragem ao lutar contra inimigos incríveis e Neemias teve iniciativa como construtor, organizando homens para reconstruir os muros da cidade. Por outro lado, temos um homem como Nabucodonosor, que usou seu poder para destruição e crueldade na guerra.
    Deus equilibrou de maneira maravilhosa essa imagem de homem dominante, de força e de poder com o exemplo do Senhor Jesus, que foi movido por compaixão, pelo amor às crianças, pelo choro na morte de seu amigo e que deu sua vida para que outros pudessem viver. O "homem íntegro" encontra seu paralelo na "mulher forte".

sábado, 14 de maio de 2011

Amor Platônico

:: Acid ::

Você pensa que amor Platônico é ficar apenas desejando aquela(e) garota(o) linda(o) da escola que você sabe que nunca vai botar as mãos? Pense novamente. Após a leitura deste artigo, você nunca mais vai encarar o amor da mesma forma.

Entrevista com Renée Weber, por Scott Minners, extraída do livro A visão espiritual da relação Homem & Mulher; Ed. Teosófica

Todos já ouvimos falar de amor platônico e presumimos que ele está relacionado com a filosofia de Platão. O que é isso, exatamente?
O amor platônico é o mais incompreendido de todos os conceitos de Platão. As pessoas, que em sua maioria não conhecem a obra de Platão, pensam que amor platônico significa amor ascético ou assexuado. Isso não é verdade. Em O Banquete, Platão apresenta o amor sexual como um ato natural, mas com raízes infinitamente mais profundas.

No pensamento de Platão existe um princípio cósmico sobre o amor?
Sim. Para Platão o amor é um princípio cósmico. Ele afirmou que o amor é uma escada com sete degraus, que vão do amor por uma pessoa até o amor pelas realidades superiores do universo. Todo o livro O Banquete, sua mais importante obra sobre esse assunto, é dedicado ao amor em seus diversos aspectos. Ele diz que, mesmo que eu me apaixone por uma pessoa, atraído por qualidades, fixar-me exclusivamente nessa pessoa é permanecer no primeiro degrau de uma escada que possui muitos outros.
O passo inicial nessa escada, para a maioria das pessoas, ocorre através do amor físico. Platão diz que o ser humano busca a imortalidade através da pessoa amada, por meio da procriação. Entretanto, fixar-se nesse primeiro degrau é permanecer parado, em comparação a tudo o que uma pessoa pode vir a ser.
Isso não quer dizer que Platão negue o corpo ou o amor físico. Ele apenas afirma que, se eu deixar de ampliar esse relacionamento e não subir até os outros seis degraus, irei permanecer estagnado. Os passos seguintes serão um desdobramento natural da condição humana.

Aonde mais o amor pode levar? Como ele pode crescer até dimensões maiores?
O diálogo completo de O Banquete é a resposta de Platão a essa pergunta. No livro, diversas figuras da sociedade ateniense estão reunidas discutindo a natureza, o sentido e as implicações do amor. Elas fazem várias descrições de amor, todas unilaterais, embora não falsas, até chegar a vez de Sócrates. Uma das pessoas disse que o amor nos faz adotar atitudes nobres para sermos merecedores do amado. Outra afirmou que o amor é uma espécie de frenesi e loucura, e outros, como Aristófanes, classificaram-no como a busca da nossa outra metade.
Você poderia perguntar como é que a nossa "outra metade" se extravia. Segundo Platão, Aristófanes disse que todas as pessoas têm corpos duplos e dupla face. Haveria três tipos de humanos no mundo. Na figura homem/homem, o corpo todo era formado por figuras masculinas. Um outro tipo seria composto por elementos femininos, e por último haveria o masculino/feminino.

Seria um ser andrógino?
Sim, uma figura andrógina, com uma metade feminina e outra masculina. Trata-se, na verdade, de uma fábula, um mito encantador, destinado a revelar um ponto muito profundo. Segundo Aristófanes, esses seres duplos cometeram transgressões contra os deuses; como castigo, foram divididos ao meio. Sob essa perspectiva, o amor é literalmente a busca da outra metade.
Essa fábula tem implicações muito abrangentes em termos da metafísica e da ética de Platão. É um outro modo de afirmar que não somos seres completos, e que os movimentos do amor são uma busca de complemento.

Platão diz que o amor "é uma loucura que é dádiva divina, fonte das principais bênçãos concedidas ao homem."
Exatamente. Ele tem uma visão muito exaltada do amor entre os sexos e, na verdade, não quer que subestimemos o seu alcance e significado. Acho que ele emprega o termo loucura para se referir ao primeiro degrau, porque, sob a influência da paixão física, perdemos de vista perspectivas e prioridades. A alma anseia tanto pelo contato com a outra pessoa que perde o juízo.
Quando você está apaixonado, é como se o universo estivesse concentrado na outra pessoa. Isso não é necessariamente falso. Platão diz que, em certo sentido, o universo realmente está nessa pessoa. Você só precisa transformar essa dimensão e ver não apenas a pessoa, mas o universo nela.

Mas, no primeiro nível da escada, esse seria apenas um tipo de amor com motivação pura ou incluiria também uma relação amorosa normal, com suas doses de motivação egoísta?
Essa é uma pergunta vital para compreender a ótica de Platão sobre o amor. Tudo o que ele disse em O Banquete - ao amar uma pessoa você está amando o universo e vice-versa - relaciona-se ao amor genuíno, sem egoísmo. Ele jamais apóia o relacionamento físico apenas como meio de obter prazer.

Seria correto dizer que, para Platão, o relacionamento sexual significa mais que um impulso instintivo, porque poderia colocar a pessoa na senda do amor autotranscendente?
Sim, mas com a ressalva que você acabou de levantar: desde que seja uma paixão genuína, carinhosa e abnegada. Em todos os diálogos de Platão, o uso do outro simplesmente para uma gratificação egoísta se dissocia dessa senda; é uma cilada, um perigo, não é amor e não levará a lugar algum.
O amor platônico é tão amplo e universal que, embora comece como amor pela forma bela, termina como o amor pela própria beleza, um princípio eterno do universo. Você é levado, de um modo muito natural, a perceber que todas as formas belas são dignas de amor, se torna sensível a todas elas. Platão emprega constantemente o termo beleza; a beleza das idéias toma-se tão ou mais real que a beleza física.

Ao universalizar o conceito de beleza manifestada na forma, Platão a vincula ao amor?
Amor e beleza estão ligados. Você vê beleza quando está amando. À medida que progride, você sente por todas as formas belas a espécie de exaltação que experimentou quando se apaixonou pela primeira vez. Quando permite que o amor o leve para a frente, você sai do particular em direção ao múltiplo.
Em seguida, você vê que a beleza da mente é mais maravilhosa que a beleza da forma. Platão afirma que você se apaixona pela qualidade da mente de uma pessoa mesmo que sua forma física não seja tão graciosa. Essa é uma progressão do concreto para o imaterial, sob a influência e inspiração do amor.

Esse é o passo número dois?
Não. O passo número dois é amar todas as formas físicas belas. O terceiro passo é amar a beleza da mente, independente da forma física à qual ela está associada.

E qual é o passo seguinte?
O quarto passo da escada do amor é a ética - o amor pelas práticas belas. Envolve integridade, justiça, bondade, consideração - características que também contêm beleza e impelem ao amor. É um passo mais abrangente e universal. Ele conduz ao degrau número cinco, que é o amor pelas instituições belas.
Esse quinto estágio diz respeito ao modo como a sociedade funciona quando suas instituições estão em equilíbrio e harmonia. Trata-se de amor pelo governo, pela cultura e por tudo que a obra A Republica cita como exemplo de instituições belas. O bem comum é o interesse primordial, não o bem do indivíduo, do núcleo familiar ou mesmo da pequena comunidade.
Desse ponto, a alma ascende para o sexto degrau da escada do amor. Ele é uma curva gigantesca para o alto, em direção ao universal e ao abstrato. A isso Platão chama "ciência", ou seja, conhecimento e compreensão. No sexto passo você se apaixona pela ciência, que articula não só as leis que governam o indivíduo, a família e a sociedade, mas algo que transcende o meio local. A beleza da ciência é universal, como o Teorema de Pitágoras.

Ou como a biologia da Terra?
Exatamente. E como o universo de Einstein, que inclui o cosmo inteiro. A ciência apresenta beleza, harmonia e ordem. Você pode se apaixonar por isso tão profundamente quanto por um homem ou por uma mulher. Os grandes cientistas como Einstein, Kepler, Galileu e Newton afirmaram que, ao articularem as leis do universo, estavam estudando a lógica, a ordem e a beleza da mente de Deus.
Giordano Bruno, filósofo e cosmólogo executado pela Inquisição em l600, preferiu ser queimado na fogueira a negar seu insight científico de um universo infinito e interligado. Ele manifestou uma paixão tão profunda pelas leis do universo que defendeu sua visão assim como um homem defenderia a mulher amada de uma agressão. Preferiu a morte à negação desse amor. Isso é amor verdadeiro.

E o sétimo degrau?
Sócrates fala sobre ele em O Banquete. Você sabe que algo importante está para ser dito quando ele começa a falar, alegando que aprendeu tudo com uma sacerdotisa sagrada chamada Diotima. Nesse ponto, Platão prepara a audiência para esperar algo importante e profundo, e não nos desaponta.
Diotima afirma existirem os mistérios menores e maiores do amor. Os mistérios menores são os quatro primeiros degraus. Mas, ao explicar como ascendemos na escada, ela se detém; há uma espécie de momento solene no discurso. Ela diz a Sócrates: "Esforça-te, por favor, por estar o mais atento possível".
Sempre que um personagem de Platão diz isso, você sabe que ele vai articular um ensinamento esotérico. É um momento cercado de grande solenidade, onde o autor chama a atenção para algo importante.
Os mistérios maiores do amor (os degraus cinco, seis e sete) evoluem na direção da visão universal. Diotima afirma que, entre os passos seis e sete, passamos quase imperceptivelmente do mundano para as realidades superiores do universo. Platão emprega a palavra subitamente. Depois de passarmos por todos os degraus, ocorre, no sétimo passo, uma diferença de gradação; subitamente você vê não a manifestação da beleza, mas a beleza em si. Esse é o ponto alto dos sagrados mistérios. O amor se expressa como a manifestação eterna da beleza em si. Você se apaixona pela essência que torna belas todas as coisas.
Segundo o discurso de Diotima, em O Banquete, "apenas em tal comunhão, mirando a beleza com os olhos da mente, o homem será capaz de suscitar não projeções de beleza, mas realidades (pois ele entronizou não uma imagem, mas uma realidade), produzindo e nutrindo a verdadeira virtude para tornar-se o amigo de Deus, um ser imortal".

Isso soa como um contato visionário com uma realidade ou verdade suprema.
É uma espécie de visão. É como ver o sol na alegoria da caverna, em A República. Depois de viver de costas para o sol e ver apenas sombras na parede, subitamente você vê a luz! É uma fusão com a forma amada, a integralidade; é uma espécie de imortalidade.
O amor mundano e físico é o início da busca da totalidade. O final é a visão do que está por trás do universo, do que o faz girar. Portanto, no sétimo degrau da escada do amor, apaixonar-se é unir-se à origem do ser. É uma espécie de doutrina mística do amor, e esse é o amor platônico. Trata-se de um ponto de vista comovente e inspirador, que transcende enormemente a idéia de ficar de mãos dadas com alguém.

Platão diria que o amor está no centro da vida universal?
Sim. Em O Fedro, ele utiliza uma outra metáfora para mostrar essa mesma idéia de amor, oscilando entre o mortal e o imortal, entre o específico e o universal, entre o concreto e o abstrato. Nessa obra, os amantes são impelidos a buscar regiões mais elevadas, formas mais puras de amor. Por isso, criam asas. As asas permitem que eles voem até a borda do universo, onde eles vêem as formas eternas, ou seja, a essência das coisas temporais.
Em seguida Platão expõe outra metáfora: a da carruagem puxada por dois cavalos, um branco e outro negro. O garanhão negro representa o amor egoísta, quando uma pessoa usa a outra para a autogratificação. Uma pessoa comandada pelo cavalo negro clama pela satisfação imediata dos seus desejos, sempre orientada pelo egoísmo. Se esse garanhão sombrio governa, ele perturba o equilíbrio da manada. Esse tipo de amor não conduz ao amor universal.
São afirmações como essas que revelam a tendência ascética de Platão. Ele adverte contra o tipo de amor excessivo, desequilibrado e autocentrado. Isso não é amor, em absoluto; é apenas amor-próprio. Mas se a pessoa ama verdadeiramente, o cavalo branco ajuda a governar, de forma que todo o grupo - o cavalo branco, o cavalo negro e o cocheiro - possa ascender em direção à "borda do céu" e visualizar as verdades eternas. O cavalo branco fornece equilíbrio com seu bom senso, integridade, altruísmo e interesse pelo outro.

O cavalo negro seria um símbolo dos sentidos físicos, enquanto o branco seria aquilo que está além dos sentidos?
Essa é a idéia, em termos gerais.

E o condutor do grupo? O que ele simboliza?
Ele representa a alma e a visão da alma, o bom senso, a pureza, o desejar espiritual. O amor pode ser a própria carruagem, o veículo para nos conduzir a uma nova dimensão do ser e proporcionar vislumbres de outros estados de consciência, no próprio ato do amor.

Atualmente poderíamos dizer que Platão sustenta uma união sexual intensa e profunda como a antecipação do êxtase da união com a realidade espiritual divina que está por trás do universo. É a imortalidade do homem simples. É uma manifestação, mesmo que reduzida, da união divina. Por isso, os seres humanos certamente valorizam a experiência do amor e do sexo. Por meio de um amor sexual intenso, cada um de nós experimenta por breves momentos a autotranscendência e a abnegação.
No degrau número sete da escada, essa autotranscendência, que era breve e momentânea, transforma-se no estado natural onde passamos a habitar o tempo inteiro. O "eu" desapareceu no segundo plano. No primeiro plano passaram a brilhar as verdades eternas, o bem e a beleza, entendidos como indissolúveis e evidentes para a alma capaz de vê-los.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Felicidade

Experimentar a alegria de Deus 

    A felicidade pode ser definida como uma sensação de contentamento espiritual que nos acompanha em vitórias, perigos ou angústias da vida, dando-nos equilíbrio, serenidade, paz de espírito e tranquilidade. A felicidade pode ou não estar relacionada com os acontecimentos de nossa vida. Em muitas ocasiões os acontecimentos externos afetam nossas atitudes. Contudo, a felicidade é, também, um ato de vontade. Muitas coisas que "acontecem" na vida são motivo para nos sentirmos infelizes, mas temos o poder, por intermédio de Cristo, de reagir como quisermos a isso. A felicidade é uma opção positiva potencial.
    Jesus mostra algumas características que geram felicidade (humildade, justiça, misericórdia, espírito apaziguador). O cristão deve se preocupar não em fazer, mas em SER e VIVER! O comprometimento total com o Senhor resultará numa  reação cristã instintiva aos acontecimentos, à medida que ocorrem. Devemos apropriar-nos das ferramentas que Deus colocou à nossa disposição (a Palavra dEle e o Espírito Santo) para buscar a felicidade. Quando a fé e a conduta do cristão estão equilibradas, resultam em felicidade.
   Felicidade é desfrutar de tudo o que o Senhor nos deu e não nos lamuriar pelas coisas que nos foram tiradas ou recusadas. Felicidade é confiar na onisciência e soberania de Deus. Devemos acreditar que, em cada "acontecimento", Deus vai operar para o nosso bem. A felicidade vem da obediência diária e da fé no Senhor.

"Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus"

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Paz E Comunhão

Cuida do passarinho e também da flor, 
eles esperam pelo teu amor!
Faz do teu lar um ninho e do mundo um chão
Onde se plante paz e comunhão!
Para que brote e cresça a mais viva semente;
Para que a gente tenha o que colher.
Para que o pão que venha a ser por nós assado
Seja um sinal traçado de viver.
Faz uma nova casa na varanda do velho chão,
Convida teu irmão pra vir morar contigo;
Planta paredes novas, feitas para
servir de lar e abrigo.

Faz um café gostoso, põe a mesa no teu jardim;
Deixa que assim as plantas tenham paz contigo;
Convida o universo faz a vida
ganhar maior sentido!
Cuida da tua morada!
Cuida do pequeno mundo!
Deixa teu irmão bem perto
Livre...

 João Alexandre



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Marcas

Quando nos sentimos abandonados por alguém que acreditávamos que nunca nos faria chorar e em quem mais confiávamos, tentamos sobreviver a isso depois que o simulacro se quebra... O tempo passa, pois como disse Shakespeare "não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o tempo simplesmente não pára para que você o conserte". Passado o tempo, o que nos restam são apenas marcas...

Marcas... 

Trazem tristeza, dor, arrependimento e muitas vezes revolta, porém esquecemos que existem marcas capazes de nos trazer consolo, alívio, gozo, paz e até alegria.

Sim! Marcas que curam e desfazem outras marcas...

Se fez necessário que alguém fosse marcado para que ao lembramo-nos de nossas próprias marcas, pudéssemos crer que marcas são capazes de desfazer maldições, restaurar mentes, corações e sarar as feridas mais profundas.

Essas marcas são a marca da cruz, a marca do Deus Vivo, elas sim são a única cura para as nossas marcas, sejam elas físicas, psicológicas, espirituais ou emocionais.
Deliciem-se com essa canção, belíssima, e sintam o inefável amor de Deus demonstrado nas marcas da cruz.


MARCAS - SORAYA MORAES

Imagino-Te Senhor andando sobres as águas
E operastes maravilhas por onde passavas
Deixaste marcas eternas na alma
E na história do homem e agora em mim
Cada dia mais e mais, e mais, e mais, e mais

Marcas que desfazem maldições
Restauram mentes e corações
Saram as feridas mais profundas
A marca do Deus vivo é a única cura
A marca do Deus vivo é a única cura

Eu sou testemunha viva dos Teus milagres
Tenho visto maravilhas por onde me levas
As mesmas marcas são feitas
Na alma e na história de todo que crê
Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre
E sempre Jesus é o mesmo hoje, ontem e sempre
E sempre, e sempre, e sempre, e sempre



"Feridas saram, mas há momentos para deixar o Grande Médico realizar a cirurgia, a fim de que sarem corretamente"

domingo, 1 de maio de 2011

Caso pluvioso


A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que Maria é que chovia.
A chuva era Maria. E cada pingo
de Maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
Eu era todo barro, sem verdura…
Maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa…Nossa!

Não me chovas, Maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!

Eu lhe dizia em vão – pois que Maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
Chuvadeira Maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.
Choveu tanto Maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa

e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de Maria mais chuvavam,

de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.

Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando
contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).

Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas dágua mais deliram,
e Maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,
e Maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,

e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, Maria! – e ela parou.

Carlos Drummond de Andrade